• A iniciativa está a preparar um sistema para produzir e transportar um adesivo terapêutico para doentes que sofreram um enfarte do miocárdio

• Outra das soluções a ser desenvolvida com recurso à tecnologia de impressão 3D é um sistema roll up para facilitar o implante usando métodos pouco invasivos

A iniciativa europeia CARDIOPATCH, que tem como objetivo desenvolver uma nova terapia de medicina regenerativa para doentes de enfarte do miocárdio, atingiu recentemente marcos importantes na área de tecnologias de impressão 3D. Foi desenvolvido um primeiro protótipo da estrutura 3D do adesivo terapêutico e determinou-se o procedimento necessário à implantação do adesivo in vivo permitindo agora o desenvolvimento de um sistema roll-up para aplicação do adesivo que seja adequado à prática cirúrgica.

No âmbito do projeto, está a ser desenvolvido um sistema 3D para produzir e transportar um adesivo terapêutico, onde serão cultivadas células estaminais em membranas, com capacidade regenerativa do tecido cardíaco lesionado por via de um enfarte do miocárdio.

Este sistema 3D será desenvolvido em 4 fases: (i) a definição dos requisitos para o cultivo de células estaminais no adesivo e transporte do adesivo, (ii) a produção do protótipo de impressão 3D, (iii) o desenvolvimento do produto final e (iv) a validação da sua funcionalidade. 

A principal função do sistema 3D de produção e transporte, constituído por biopolímeros como silicone e PLA, é permitir a produção de adesivos com múltiplas cavidades e com uma distribuição eficaz de zonas de acesso que permitam a filtração do ar e fornecer nutrientes e oxigénio às células. 

Neste momento, a equipa Leartiker está a preparar um protótipo personalizável para diferentes tamanhos de membranas. "Podemos afirmar que o sistema funciona e estamos agora a torná-lo compatível com diferentes tipos de membranas", diz Jon Anakabe, investigador do centro Leartiker responsável pelo desenvolvimento do sistema.

A validação deste primeiro protótipo é um marco importante, contudo o trabalho continua com o objetivo de desenvolver um segundo protótipo mais compatível com a aplicação clínica: "Tem de ser hermético, ter a capacidade de troca de fluidos através de portas 'luer-lock', ser personalizável e compatível com membranas de diferentes tipos e tamanhos, e permitir o transporte do adesivo em condições GMP desde o laboratório até ao bloco operatório", explica Jon Anakabe. 

Para além do adesivo de células estaminais, a iniciativa CARDIOPATCH irá desenvolver uma outra solução baseada em tecnologias de impressão 3D: um sistema roll up que permita implantar o adesivo no local da lesão utilizando procedimentos cirúrgicos pouco invasivos. O desenvolvimento deste sistema roll-up deve ser adequado à prática cirúrgica e, por isso, foi essencial definir com os parceiros clínicos qual o procedimento mais conveniente para o implante do adesivo. Tendo-se chegado a um acordo sobre o procedimento, os parceiros da iniciativa CARDIOPATCH irão agora avançar no desenvolvimento do primeiro protótipo 3D do sistema roll up e mais tarde a sua validação em modelos in vivo.

O desenvolvimento destas duas soluções é essencial para o sucesso do projeto e para a melhoria da qualidade de vida de pacientes com enfarte do miocárdio crónico.

O projeto CARDIOPATCH (Network of Excellence for the development of Advanced Therapies of Myocardial Infarction treatment based on regenerative medicine and 3D printing) é co-financiado pelo programa Interreg Sudoe da União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).

Para além do centro Leartiker, o consórcio inclui parceiros de Espanha, França e Portugal: CUN, CIMA University of Navarra, via Fundação para a Investigação Médica Aplicada, o Institut de Recerca de l’Hospital de la Santa Creu i Sant Pau, a agência de comunicação GUK, Centre Hospitalier Universitaire de Toulouse, a University of Montpellier (UM) - Institut des Biomolécules Max Mousseron (IBMM), GenIbet Biopharmaceuticals e o Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica.

O projeto conta ainda com o apoio de organizações associadas como a Viscofan, Sodena e Nouvelle-Aquitaine, Euskadi, Navarre Euroregion (NAEN).